quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sobreviventes do Ácido (AVISO: imagens fortes) Um retrato da Violência Contra as Mulheres

Esse post é uma tradução que arrisquei fazer, de um texto publicado originalmente no freethoughtblogs. Não sei se seria saudável usar isso em uma mesa de RPG, a intenção do post é só informar as pessoas desses ataques horríveis, e mostrar como nossa sociedade convive diariamente com coisas muito piores que cenobitas ou deuses antigos. Convivemos com um machismo violento, e com uma ignorância sem explicação. 

O texto não tá nem de longe uma maravilha, mas entenda que, além do meu inglês não ser muito bom, a Taslima (autora) não parece ser muito íntima com a língua, e repete bastante as palavras.


Nossos homens jogaram ácido em nossos rostos, destruíram nossas vidas mas nós nunca deixamos de amar os homens                                                                  (por Taslima Nasrren)



Homens nos jogaram ácido, com a intenção de nos ferir e nos desfigurar. Homens jogaram ácido em nossos corpos, queimaram nossos rostos, esmagaram nossos narizes, e partiram felizes. Ataques com ácido são comuns no Paquistão, Bangladesh, Índia, Afeganistão, Nepal, China, Camboja, e em vários outros países. Homens jogam ácido em nós, por que estão furiosos com o fim de relacionamentos e por que não aceitamos assédio sexual, exploração sexual, propostas de casamento, pedidos de dote. Eles jogam ácido em nós por frequentarmos a escola, por não usarmos véus islâmicos, por não nos comportarmos bem, por falarmos de mais e por rirmos muito alto.

ÍNDIA


Ela tinha dezoito, uma estudante de faculdade. Três vizinhos a assediaram por mais de dois anos, e então jogaram ácido nela. A pele do crânio, rosto, pescoço, tórax e costas derreteu e caiu. Depois de nove anos do ataque, Soconali Mukherjee hoje está cega dos dois olhos e parcialmente surda. Seu pai gastou milhões de rupias com tratamentos. Hoje eles não possuem mais dinheiro. Os culpados pagaram fiança para a Suprema Corte, e continuamente a ameaçam de morte. Ela procura meios para que o governo lhe dê assistência até o fim de sua vida.


CAMBOJA


O rosto de Sokreun Mean, cego e desfigurado por um ataque de ácido. Carstem Stormer, um jornalista e fotógrafo alemão falou à respeito: "Ataques com ácido privam as pessoas de mais do que aparentam. Famílias são desfeitas. Maridos se divorciam de suas esposas. Crianças são separadas de seus pais. Pessoas perdem o emprego da noite para o dia, transformando profissionais em moradores de rua. Muitas vítimas não conseguem ter um cotidiano normal, sem assistência constante, se tornando um fardo para suas famílias. Todos são marcados como párias. O que resta é uma sociedade traumatizada, onde disputas domésticas, problemas de relacionamentos e rivalidades profissionais são quase sempre resolvidos através da violência. (...)  Ácido de bateria é o modo mais conhecido para causar uma vida inteira de sofrimento. Com um dólar você pode comprar um quarto de galão de ácido em qualquer esquina. Os perpetradores raramente são punidos. Seus alvos se tornam exilados." 






PAQUISTÂO


Fakhra Younus foi atacada pelo próprio marido Bilal Khar, ex-MPA da Assembléia de Punjab e filho do político paquistanês Ghulam Mustafa Khar. Ele jogou ácido no rosto dela depois de terem acabado o relacionamento. Tehmina Durrani, autora de "My Feudal Lord", madrasta de Bilal Khar tentou ajudar Fakhra. Ela foi enviada para Itália, para tratamentos. Depois de fazer trinta e nove cirurgias reconstrutivas, Fakhra cometeu suicídio. 


(...) Dez anos atrás Shahnnaz Bibi foi queimada com ácido por conta de uma disputa familiar. Ela nunca fez cirurgia plástica. 


Najaf Sultana hoje tem dezesseis anos. Quando tinha cinco, foi queimada pelo ácido por seu pai, enquanto ela dormia. Ele não queria outra mulher na família. Najaf ficou cega. 


Shameem Akhter (20) foi sequestrada e estuprada por uma gangue de homens, que jogaram ácido em seus rosto, três anos atrás. 


Kanwal Kayum, agora com vinte e seis, foi queimada um ano atrás, por um homem que teve sua proposta de casamento rejeitada
.

Bashiran Bibi foi atacada na casa de seu marido logo após seu casamento. 



Nasreen Sharif era uma menina bonita. Quando tinha quatroze anos, seu primo derramou uma garrafa de ácido sulfúrico em seu rosto. Ele fez isso por que ficava irritado quando meninos assobiavam para ela. Sua pele derreteu, seu cabelo queimou, ela não tem orelhas, e perdeu o sentido do olfato.



(...) Shaziya Abdulsattar, é uma garotinha de oito anos, seu pai derramou ácido nela e em sua mãe, Azim, no ano passado. Quando ela se recusou a vender seus dois filhos para um homem em Dubai que iria usa-los em corridas de camelo.




BANGLADESH

É muito fácil para um homem conseguir ácido, se ele quer atacar alguma mulher que ele não goste. O país se tornou um campeão em ataques com ácido. Uma mulher desfigurada não pode se casar novamente ou conseguir um emprego. Ela se torna um fardo financial e social para sua família.







Neela foi forçada a casar quando tinha doze anos. Seu marido jogou ácido em seu rosto quando ela tinha catorze. Ele estava bravo pois a família de Neela não conseguia dar a ele o dinheiro que ele queria pelo dote.




NEPAL

Akriti Rai, 22, atacada pelo próprio marido, um soldador.



IRÃ



Ameneh Bahrami rejeitou ter um relacionamento com Majid Mohavehedi, um amigo da Universidade do Teerã. Ele jogou uma garrafa de ácido no rosto dela.


ZAMBIA



Um homem jogou ácido em uma menina de treze anos por vingança.  A irmã mais velha da garota disse: "Você precisa desenvolver pele de crocodilo para limpar os ferimentos de uma sobrevivente do ácido. A maior provação é no hospital, quando a pele começa a cair. I não imaginei que a pele da língua estava caindo também. Ela estava com algo na boca. Eu abri para ver e descobri que quase toda língua tinha saído. (...) Ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido clorídrico são armas do cotidiano dos criminosos que odeiam mulheres. Estes ácidos são fáceis de comprar, fáceis de esconder, fáceis de carregar e fáceis de arremessar. Uma pessoa que testemunhou vários ataques com ácido, disse que em menos de um minuto o osso de baixo da pele se expõe. Se houver ácido o suficiente, o próprio osso se torna uma massa de geleia. Órgãos internos também podem se dissolver nesses casos. Dedos, narizes e orelhas derretem como choclate em um dia quente."


ETIÓPIA



Kamilat Mehdi's, de vinte e um anos, teve sua vida mudada para sempre quando um stalker jogou ácido sulfúrico em seu rosto. O irmão de Ismail, o irmão de Kamilat disse; " O homem que a atacou, a seguiu por alguns anos. Ele a fez sofrer muito, mas ela nunca contou nada para a família com medo de que algo acontecesse com eles. Ele sempre dizia que devia usar uma arma contra eles". A escolha do stalker não foi um revólver, mas sim uma garrafa de ácido, que ele usou contra Karmilat e arruinou sua vida toda em um segundo.


REINO UNIDO


Seu namorado fez isso. Richard Remes jogou ácido sulfúrico em Patricia Lefranc. Seu nariz e pálpebras foram derretidos, ela perdeu a visão de um dos olhos e a audição de um ouvido, além de um dedo. Ela esteve próxima da morte, pois a substância corrosiva quase queimou através de seus coração e pulmões. O horrível ataque a traumatizou física e emocionalmente. Qual foi seu crime ? Terminar seu relacionamento com Richard Remes, um homem casado.

Nós somos abusadas, assediadas, exploradas, sequestradas, estupradas, traficadas, assassinadas por nossos namorados, pais, irmãos, tios, primos, amigos ou homens que nem se quer conhecemos. Não importando o que aconteça, nós jamais deixamos de amais os homens.  



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